Qual será a marca do governo Dilma Rousseff?

Qual será a marca do governo Dilma Rousseff?

O presidente Fernando Henrique Cardoso governou o Brasil entre os anos de 1995 e 2002. Ficou marcado como o presidente que trouxe a estabilidade econômica ao país através da criação do Real e controle da inflação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva governou o Brasil entre 2003 e 2010. Sua marca são os programas sociais, geração de emprego, redução da pobreza e a ascensão da classe “C”.

E a presidente Dilma Rousseff, como irá marcar seu governo?

Eu escolheria uma de três frentes: educação, infraestrutura do país ou a realização de uma reforma tributária. Querer atacar em todas elas é ilusão, ela não terá perna para isto. O mais palpável é escolher uma e concentrar os esforços.

O grande problema da presidente Dilma é que ela foi eleita com sua imagem vinculada a do presidente Lula, porém possui um estilo de liderança completamente diferente do ex-presidente. Enquanto ele é carismático e de uma habilidade única para articular e agregar nos bastidores do congresso, ela tem uma liderança mais agressiva, um perfil técnico, uma gestão com foco na eficiência.

Dilma Rousseff precisa desvincular sua imagem da imagem de Lula e criar o estilo Dilma de governar.

Ela governa em uma situação mais favorável quando comparada a seu antecessor, isto porque possui maioria no Congresso Nacional, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado.

Deixa eu falar um pouco sobre a estrutura da República Federativa do Brasil

Como sabemos o governo é divido em três poderes: executivo, legislativo e judiciário. O executivo é formado pelo presidente da república e ministros. O legislativo é composto por deputados federais (câmara dos deputados) e senadores (senado). O Tributal Superior Federal é o órgão máximo do judiciário, é composto por 11 juízes indicados pelo presidente da república. Eles possuem mandado permanente com aposentadoria compulsória ao completarem 70 anos. A idade mínima para serem nomeados é de 35 anos.

Toda lei sugerida pelo executivo vai para discussão na câmara dos deputados, que pode aprovar ou reprovar como chegou, ou fazer mudanças no projeto inicial. Depois de aprovada ela segue para o senado, que sanciona ou veta. Em seguida, se aprovada, segue para o judiciário verificar a consistência do projeto, ver se não há choque com a Constituição Federal. Estando tudo certinho o projeto vira lei depois da canetada do presidente da república.

Por isto da importância de um presidente ter maioria tanto na Câmara dos deputados como no Senado, com maioria fica mais fácil aprovar projetos. Lembro: a presidente Dilma possui maioria em ambos.

Só para constar, a Câmara é formada por 513 Deputados Federais eleitos por nós. O palhaço Tiririca é um deles. Mas vamos deixar isto para lá. E o senado é composto por 81 senadores, três de cada Estado mais o Distrito Federal.

Voltando ao assunto…

A presidente Dilma não é carismática e a população gosta de um líder carismático. As mudanças que o Brasil precisa hoje não são vistosas para a massa. Se pensarmos em Copa do Mundo e Olímpiadas, melhorias na infraestrutura do país é prioridade: não temos aeroportos decentes, nossas estradas são todas esburacadas, e em São Paulo, por exemplo, falta hotel.

Mas realizar Copa do Mundo e Olímpiada para que? Para pagar mico? Para haver mais desvio de dinheiro público? Talvez um pouco dos dois.

Agora mudar a educação brasileira é tarefa árdua. Ninguém muda um sistema educacional falido em 4 ou 8 anos. O Brasil precisa de no mínimo 20 anos para mudar, mas o fato é que precisamos começar. Alguém tem que ter peito e dizer que educação será prioridade neste país. Discurso vazio não vale, é preciso realmente por a mão na massa.

Sobre a reforma tributária desde sempre eu ouço que é preciso. É igual a regime, fala-se que se precisa emagrecer mais nunca se começa o regime. Sinceramente, não vejo a presidente Dilma com um estilo de liderança possível para isto, é preciso muita articulação política e ela tem uma tendência mais despótica.

Com a saída de Palocci, como ministra da Casa Civil foi nomeada Gleisi Hoffmann. Ela possui um estilo semelhante ao da nossa presidente. Dilma, pelo menos neste momento, constrói uma base de liderança com estilos semelhantes aos seus, o que a meu ver é um erro. Sempre defendo uma equipe com estilos diferentes, uma equipe bem heterogênea.

Sabe o que eu acho que irá acontecer? As obras assistencialistas irão continuar a todo o vapor, a inflação será contida e teremos algumas melhorias estruturais para receber Copa do Mundo e a Olímpiada. A presidente Dilma não irá realizar algo marcante, mas também não comprometerá, poderá ser reeleita ou mesmo deixar o tapete vermelho prontinho para o Lulinha paz e amor retornar.