“A razão da má escola não é a falta de tempo” Um critica a opinião de Vitor Paro

“A razão da má escola não é a falta de tempo” Um critica a opinião de Vitor Paro

Nos últimos dias o tema educação me chamou a atenção. Além do texto que li na revista Veja e teci algumas criticas – você lê o texto clicando aqui – hoje tive o prazer de ler consistentes opiniões do professor da USP Vitor Paro em texto presente no portal UOL.

Faço recortes do texto do professor (em vermelho) e comento logo abaixo:

Você pode fazer duas horas [de aula] por dia e ter uma educação excelente ou oito horas e ter uma educação porcaria.

Esta é a frase inicial do texto no UOL. Não poderia ser mais precisa. Quantidade não é sinônimo de qualidade. Escolas em período integral simplesmente para dizer que é integral não faz sentido e, obviamente, não garante o aprendizado do aluno. Muitos pais defendem escolas em período integral simplesmente por não terem onde deixar seus filhos na metade do dia que eles não estão na escola.

Paro explica que não é contra aumentar o tempo de aula, mas acredita que esse é apenas um dos requisitos para uma educação de qualidade.

Exatamente. Aumentar o tempo de permanência sem um programa eficaz do que fazer neste tempo adicional faz da escola apenas um depósito de crianças e não um ambiente de ensino e aprendizado.

educacao

“A razão da má escola não é a falta de tempo. A escola que está ai não é ruim porque tem pouco tempo, ela é ruim porque tem um método ultrapassado e não existe a preocupação de educar. Só existe a preocupação de passar de ano. A nossa escola não é ruim hoje, ela sempre foi ruim”.

Paro foi cirúrgico. Nosso método é ultrapassado e se valoriza o passar de ano e não o aprendizado. Só não sei dizer se sempre foi ruim. Afirmação um pouco radical.

Infelizmente os programas de transferência de renda vincularam a bolsa a presença do aluno na escola e não ao seu aprendizado. Aí o professor fica louco, pois tem que tentar ensinar um aluno que não quer aprender e só foi para a aula para garantir a continuidade do recebimento da esmola governamental.

O Bolsa Família deveria estar vinculado a evolução do aprendizado do estudante. Uma análise diagnóstica seria feita inicialmente e um plano seria traçado. Vincular bolsa a presença em aula em nada colabora com a educação.

[…] antes de estender o período dos alunos na escola é preciso pensar na qualidade das atividades.

Aqui eu defendo atividades interdisciplinares. Matemática ligada à educação financeira. Fluxo de caixa. A importância da comunicação escrita e oral para a comunicação eficaz. Inteligência social. Respeito às diversidades sexual e religiosa. O esporte como inclusão social. Esporte e qualidade de vida. Alimentação saudável. Estas são apenas algumas sugestões que nossas escolas não abordam.

[…] existe uma confusão entre o papel social e o educacional da escola em tempo integral. Muitas vezes o foco está em tirar o aluno da rua em vez de se priorizar a qualidade do ensino, como se fosse suficiente atingir o primeiro.

Eu concordo que a escola tem importante papel social. Mas é importante salientar que sua função central é o ensino e o aprendizado, o social deve dar suporte, até mesmo ser a consequência, e não o fim desejado.

E ele aponta ainda a importância do ambiente cultural, que é diferente conforme o poder de compra: “Eles [os estudantes de famílias mais ricas] têm acesso a teatros, bibliotecas, ideias mais avançadas. Não é isso que oferecem para as pobres [na escola pública], o que você propõe é que o mesmo que ele faz de manhã ele faça a tarde”.

Esta conscientização é fundamental para mudarmos a realidade social do Brasil. A criança rica além do acesso tem o estímulo. É imprescindível o apoio da família. Pais, só através da educação mudaremos a realidade social do país. É preciso conscientizar a criança desde a tenra idade. É preciso estimulá-la a ler e a ter uma visão critica do que lê, vê e ouve. É preciso mostrar a ela que o esforço é compensado, que é preciso renunciar o hoje e se ter mais dedicação e foco para se colher resultados no futuro.

Digo sempre aos meus alunos que a tecnologia facilita grandemente o aprendizado. A internet é democrática e permite a autoeducação para aqueles que a desejam.

O professor Vitor Paro faz uma leitura bem próxima de como enxergo a educação brasileira.