Inflação? A culpa é toda do governo

Inflação? A culpa é toda do governo

Hoje vamos conversar um pouco sobre inflação.

Começamos com a definição correta do que seja inflação. Inflação é o aumento sem lastro da quantidade de moeda em circulação na economia.

O governo inflaciona a moeda com a desculpa de garantir uma atividade econômica forte e assim gerar crescimento.

O valor do juro é definido pela preferência intertemporal dos agentes econômicos. Entenda o dinheiro como um produto, quanto mais pessoas estiverem o ofertando menor o seu preço, quanto maior a demanda, maior o valor.

Como o brasileiro não é educado e seguindo o exemplo do governo gasta além do que ganha, ele precisa recorrer ao crédito. Como são poucos os superavitários e muitos os deficitários o valor do dinheiro é caro e o juro naturalmente alto.

Mas o governo, como agente regulador do mercado, expande a base monetária e baixa o valor da moeda artificialmente. O banco central simplesmente imprime novas notas, ou mais modernamente, cria dígitos em sua conta bancária e compra dos bancos títulos públicos emitidos pelo tesouro nacional e negociados no mercado. Assim ele amplia a base monetária em circulação.

Dinheiro inflacionado, pois não tem lastro, simplesmente foi criado para forçar o juro a cair.

O juro realmente cai, pois com mais dinheiro – lembre que ele é um produto – menor seu valor.

Ainda temos os bancos comerciais que inflacionam a moeda criando dinheiro escritural. Eles emprestam o dinheiro que não possuem.

Moeda escritural

Você vai ao banco e deposita R$ 1.000. Obviamente ele empresta este dinheiro. O tomador de crédito gasta o dinheiro que tomou emprestado. Imagine que ele comprou uma TV, por exemplo. O dono da loja vai ao banco e deposita o valor que recebeu ao vender a TV. O banco empresta novamente este dinheiro para outro cliente. Ops, algo errado! Afinal o dinheiro depositado é o mesmo que já foi depositado e emprestado. Os R$ 1.000 foi emprestado duas vezes e passou a ter dois donos: o depositante original (você) e o dono da loja que vendeu a TV. O banco simplesmente criou nas contas dígitos eletrônicos dizendo a você e ao dono da loja que vendeu a TV que ambos possuem dinheiro, quando na verdade este dinheiro não existe, é apenas escritural.

Se o banco quebrar, como vocês vão reaver o dinheiro, que é um só, mas possui vários donos?

Fique tranquilo, os grandes bancos não quebram, pois o governo sempre irá salvá-los, afinal um grande banco quebrado prejudica todo o picadeiro econômico.

Aí tudo sobe de preço, o que o governo chama de inflação. Mas na verdade o aumento dos preços não é inflação e sim sua consequência, a inflação foi causada pelo banco central ao criar, e permitir os bancos também criarem, dinheiro.

Os títulos públicos

Os títulos públicos são emitidos pelo tesouro nacional para o governo poder equilibrar seu orçamento, isto porque sistematicamente ele gasta mais do que expropria.

Um governo não produz riqueza, ele simplesmente as retira do povo através dos impostos.

Os títulos do tesouro são vendidos aos dealers, grandes bancos chamados de intermediários financeiros, e para nós pessoas físicas através do tesouro direto.

Quando o governo realiza a venda de títulos ele ainda não gerou inflação. Ele vende os títulos e assim consegue fechar seu caixa.

A inflação acontece quando o banco central resolve estimular a economia injetando dinheiro novo.

A taxa Selic

A taxa Selic é definida pelo Copom (comitê de política monetária) do Banco Central. Ela baliza o valor do juro a ser pago pelo tesouro nacional ao emitir seus títulos primários.

Depois que os dealers compram os títulos eles são negociados livremente no mercado e seu valor oscila pela oferta e demanda e pelas expectativas econômicas.

Quando o mercado acredita que o governo, preocupado com a inflação que criou, irá reduzir a base monetária vendendo títulos, e assim retirar dinheiro de circulação, os títulos velhos, que possuem menor valor de face, passam a ser vendidos com deságio.

Isto porque o governo ao retirar a moeda do mercado indica que o juro irá subir. Na verdade o valor do juro sobe antes, quando o Copom eleva a Selic dizendo ao mercado que o governo estará reduzindo a base monetária em circulação.

A insegurança do empreendedor

O governo nesta tentativa de controlar a economia gera incerteza nos empresários que ficam receosos em investirem em seus negócios.

Além de ele inflacionar a moeda realiza ações intervencionistas causando um terremoto econômico.

Essa política do governo é vista como correta pelo mainstream econômico, então não adianta mudar de partido político, pois todos pertencem à mesma escola econômica.

Na minha visão, onde defendo um mercado-livre e sem intervenções, não existiria ações do governo e nem ampliação da base monetária e moeda escritural. Uma taxa básica de juro seria desnecessária, pois o juro seria regulado pela preferência intertemporal dos agentes no mercado. O Banco Central também estaria com seus dias contados, na verdade ele poderia ter apenas como função a impressão de moeda com lastro real e a troca das cédulas antigas por novas. Mas até mesmo estas funções podem ser ofertadas ao mercado por uma empresa privada.

O padrão-ouro

O lastro para uma moeda deve ser aceito naturalmente pelo mercado. O ouro, metal precioso e desejado por todos os países foi usado como lastro no mundo até a segunda grande guerra. Aí os EUA para financiar a guerra abandonaram o padrão-ouro e o Fed (banco central americano) passou a imprimir moeda sem lastro.

O governo e seu IPCA

O IPCA (índice de preços ao consumidor amplo) é o índice oficial do governo que afere a inflação de preços. Note que escrevi inflação de preços – aumento generalizado no preço de produtos e serviços – pois como agora você já sabe a inflação é o aumento da base monetária sem lastro, o aumento de preços é sua consequência.

Fazendo uso de uma analogia, quando estamos com coriza, dor no corpo, febre, cansaço e náusea; dizemos que estamos gripados. Na verdade a gripe é o vírus presente no corpo humano e estes apenas seus sintomas. O aumento de preços é o sintoma da inflação.

O IPCA é calculo levando em conta o mês cheio e reflete o custo de vida das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. A alteração de preços é verificada nas principais metrópoles do país. A tabela abaixo mostra os setores aferidos e seu peso no índice.

O índice é genérico e pode não refletir sua realidade. Note que 4,37% representam os gastos com educação. Um casal de aposentados possivelmente não tem essa despesa. Saúde tem peso de 11,09% onde para o mesmo casal pode significar um gasto muito mais expressivo.

Quem mantém um fluxo de caixa através de uma planilha eletrônica pode criar seu próprio índice inflacionário e calcular sua inflação de preços pessoal. A comparação pode ser feita tanto de um mês com o mês anterior, como entre os mesmos meses de anos diferentes.

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Em geral a alteração de preços é mais percebida pelas famílias de menor renda e menos sentida por aquelas de maior poder aquisitivo.

Conclusão

O governo é o único causador da inflação, e a cria para supostamente estimular a atividade econômica e fazer o país crescer.

Ele cresce, artificialmente, semelhante àqueles esportistas que fazem uso de anabolizantes para ganhar massa muscular, e que mais cedo ou mais tarde o corpo mostra as consequências do uso abusivo da substância. Com a economia é a mesma coisa, ela cresce devido aos estímulos forjados e injeção de dinheiro sem lastro, mas logo o mercado nota que o crescimento é falso e a recessão acontece.

Abraço!