O sistema Toyota de produção.

O sistema Toyota de produção.

O sistema Toyota de produção teve sua origem no Japão e foi idealizado pelo presidente da montadora Toyota, o Sr. Toyoda Kiichiro. A ideia era melhorar para ser competitiva, pois as empresas estadunidenses eram muito mais produtivas fazendo uso da produção em massa idealizada por Taylor e eternizada por Henry Ford.

Na verdade o sistema Toyota é um agregado de técnicas de administração da produção que visam reduzir custos e proporcionar maior agilidade às flutuações de mercado. O sistema é fundamentado por:

Just in Time

A filosofia Just in Time defende que os estoques de produção, sejam de matéria-prima ou de produtos acabados, devem tender a zero. A produção em massa estadunidense tinha como foco o produzir para depois vender. O Japão procurou estabelecer uma filosofia contrária: primeiro vende-se e depois se produz.

A filosofia surgiu na década de 50 do século XX, e não podemos esquecer o momento econômico que vivia o Japão. A segunda grande guerra havia acabado há pouco e o momento era de incerteza e de reconstrução do país. Ainda cabe lembrar as proporções territoriais do Japão, um país pequeno, onde o espaço físico é limitado e disputado.

Outra vantagem do JIT é a flexibilidade de produção. Com baixos estoques é possível atender uma demanda variada com agilidade e rapidez.

O JIT é uma filosofia que tende a um estoque zero, onde só se produz o necessário e assim se evita os custos de material parado em estoque.

Cabe ressaltar que estoques protegem a produção em momentos de alta demanda e incertezas. No Brasil, um país com infraestrutura precária, para não dizer medíocre, é complicado a adoção de uma filosofia JIT, afinal nunca sabemos quando os correios entrarão em greve, o caminhão ficará parado na estrada por ter seus pneus furados pelas ótimas condições da rodovia ou mesmo a carga será roubada. Ainda não temos uma cadeia produtiva confiável, nada garante que seu fornecedor lhe fornecerá o contratado na data combinada e, se você não tiver um estoque de segurança, correrá o risco de também não conseguir atender a seu cliente.

JIT no Brasil é furada. Não que devemos ignorar tal filosofia, mas ela deve ser vista com cautela.

Produção enxuta

Visa produzir pequenos lotes e com Setup baixo. O Setup é o tempo que a produção fica parada para a troca de uma ferramenta ou reprogramação de uma máquina. Aqui quero lembrar a importância do estudo de tempos e movimentos para se chegar à melhor prática na troca de ferramentas. As contribuições de Taylor são importantíssimas para isto.  Também fazendo uso da tecnologia moderna, a criação de softwares mais inteligentes para resetar e programar a nova função com maior rapidez permite o ganho considerável de tempo de Setup.

Observe que para termos uma produção enxuta fazemos uso tanto de estratégias do século passado assim como usamos as modernas ferramentas produzidas pela TI hoje.

Evitar desperdícios

O desperdício era considerado algo prosaico à produção de um bem. Era algo aceitável como parte do processo produtivo. O sistema Toyota prega que os únicos custos aceitáveis são os necessários para a produção. Custos pela perda de matéria-prima e retrabalho não são aceitáveis e devem ser eliminados. Ainda existem outros custos não tão facilmente identificados, mas que devem ser evitados. São custos gerados por estoques, gargalos na produção ou por uma logística pouco eficiente.

Gargalo é a obstrução do fluxo de produção causado pela lentidão de uma atividade dentro do processo produtivo.

Uma logística interna mais eficiente pode ser alcançada com o rearranjo do layout de produção evitando movimentos desnecessários. Já a logística externa pode ser repensada de diversas maneiras para se buscar mais eficiência, aqui caberia um artigo sobre o tema, mas quero apenas citar as lojas online, que buscam ter seus estoques de produtos o mais próximo possível de portos, rodoviárias e aeroportos e assim diminuir os custos de transporte e ainda acelerar o processo de despacho do produto ao cliente.

Qualidade

A qualidade deve ser pensada na visão do cliente. O cliente é quem define se um produto ou serviço tem ou não qualidade. A filosofia Kaizen (busca da melhoria contínua) deve ser estimulada. O paradigma vigente deve ser sempre questionado. Sempre é possível melhorar.

Jidoka

É o direito e mesmo obrigação de qualquer funcionário parar toda a produção quando uma anomalia é detectada.

No sistema de produção em massa um defeito só é identificado depois do produto acabado. Isto acarreta custos desnecessários. A filosófica jidoka busca interromper o ciclo produtivo ao ser identificado a menor possibilidade de falha em qualquer etapa do processo.

Poka-Yoke

Este é um conceito que visa criar dispositivos que impeça um erro de acontecer. Podemos pensar como exemplo nas recentes tomadas de três pinos que possuem um único encaixe e assim não permitem a introdução de forma errada. Mais simples ainda, podemos lembrar os adesivos colocados na saída de um ambiente perguntando se você lembrou-se de desligar o PC e as luzes.

Os dispositivos que evitarão o erro devem ser pensados desde o projeto do produto. Também perceba que ele não precisa ser complexo, um simples aviso em lugar estratégico pode ser considerado um poka-yoke.

Os carros mais recentes só são trancados com a chave, e assim não permite seu condutor trancar o veículo com a chave no contato. Também há modelos que só dão partida quando o motorista estiver usando o cinto de segurança.

Conclusão

O Sistema Toyota de Produção busca a qualidade superior com baixo custo e tempo de entrega reduzido eliminando atividades desnecessárias e tempo perdido.

Costume dizer que o sistema Toyota não funciona no Brasil. Digo isto porque são filosofias e filosofias não podem ser impostas a funcionários, ele tem que acreditar que aquilo é realmente o melhor para ele e para a organização. Também a infraestrutura do nosso país não ajuda, é impossível se pensar em estoque zero com tantos problemas estruturais que afetam uma boa logística.

Sim, temos empresas aqui instaladas que adotam o sistema com sucesso, mas em sua quase totalidade são empresas estrangeiras que aqui se instalaram com a filosofia já impregnada.

A cultura japonesa é muito diferente da nossa e não é possível a adoção de modelos prontos, devemos sim observá-los e adaptá-los à nossa realidade.

Boa semana!