Política monetária e taxa de juro

Política monetária e taxa de juro

O texto de hoje nasceu das dúvidas levantadas pela leitora Rosana postadas na caixa de comentários do texto da semana passada.

Muitos confundem política monetária com taxa de juros. Os conceitos estão alinhados, mas são distintos.

Os conceitos estão alinhados por haver em nossa economia uma base monetária artificial, sem lastro, dinheiro escriturário, dinheiro multiplicado eletronicamente.

Nosso sistema econômico é o de reservas fracionárias, o que faz os bancos poderem multiplicar o dinheiro depositado por uma dezena ou mais de vezes. Assim, mais dinheiro em circulação menor o valor do juro, sendo o contrário também verdadeiro.

Aumenta-se a base monetária e o juro cai, diminuísse a base ele sobe. É a lei natural da oferta e procura. Mais dinheiro em oferta, menor juro.

Se operássemos com um padrão-ouro, ou até mesmo com um padrão PIB, onde a base monetária aumentasse de acordo com o crescimento econômico, o juro seria regulado pela poupança, tendo pouca influência a base monetária econômica.

Aí a relação base monetária e juro teria baixa correlação e a relação poupança e taxa de juro teria forte correlação.

Padrão-ouro

Historicamente alguns produtos se tornaram naturalmente moeda de troca. Digo naturalmente por não ter sido imposto por um governo, mas a percepção de maior valor pela sociedade os fez moeda.

O ouro, por seu um metal escasso e de valor (lembre que o conceito de valor é estabelecido pelo individuo), foi usado como moeda para a troca de riquezas.

As pessoas produziam suas riquezas e a trocavam por ouro. E com o objetivo de proteger o ouro surgem os bancos. Sua finalidade é guardar o ouro do cidadão. O papel moeda é apenas a representação simbólica do ouro pertencente ao individuo presente no banco.

Imagine que o banco criou a seguinte política para impressão de moeda: 1 grama representado por uma moeda valor $ 10,00.

O dinheiro em circulação é lastreado em ouro. Para mais dinheiro ser impresso mais jazidas devem ser descobertas.

Este é o padrão.

Até a primeira grande guerra o mundo utilizou bem o padrão-ouro. Não existia valor de câmbio, as conversões eram reais, dadas por grama de ouro. Se um governo adotou uma moeda de $ 10,00 valendo 1 grama de ouro e o governo de outro pais adotou uma moeda de $ 15,00 correspondendo ao grama, nas negociações comerciais $ 10,00 dinheiros de um país correspondem a $ 15,00 do outro, pois é o corresponde ao lastro real: o ouro.

Com um sistema padrão-ouro bancos centrais não podem forjar moeda, pois para haver moeda deve haver ouro. A inflação de produtos e serviços acontece pela descoberta de novas quantidades de ouro, ou seja, quase não existe inflação, pois ninguém descobre pedras e pedras de ouro do dia para a noite e a todo dia.

A produção de novas riquezas pode até mesmo acontecer numa velocidade maior que a descoberta de novas jazidas de ouro, o que geraria deflação.

Um padrão PIB

Com a necessidade de sustentar as grandes guerras os países abandonaram o padrão-ouro e imprimiram moeda sem lastro. Com isto a inflação subiu de maneira exponencial.

Hoje todo país tem um Banco Central para controle da moeda. Em alguns, como os EUA, ele não está ligado de forma direta ao governo, em outros, este é o caso do brasileiro, é um órgão Estatal.

Talvez uma forma de controlar a inflação fora de um padrão-ouro ou lastreado em qualquer objeto de valor, seja o lastro no crescimento econômico. O banco central aumentaria a base monetária tendo como referência o crescimento do Produto Interno Bruto.

Os bancos não poderiam criar moeda escriturária e só haveria mais moeda em circulação havendo crescimento econômico.

Para termos inflação controlada só pode haver impressão de moeda com lastro. Neste sistema o lastro seria o PIB.

Dilma e Guido Mantega

O ministro Guido Mantega começou 2012 falando em crescimento de 4% do PIB. Não vai crescer nem 1%.

A presidente Dilma virou uma intervencionista de mão cheia. Interveio no spread bancário, no valor do petróleo e nas empresas de eletricidade.

Todo investidor deseja regras claras. Ninguém gosta de arriscar. Estas políticas esdruxulas só atrapalham o desenvolvimento econômico. Os empresários não vão arriscar altos investimentos em um negócio onde as regras do jogo podem mudar de maneira inesperada. É o que nossa presidente tem feito, mudado a regra do jogo.

O senhor Mantega não sabe mais o que fazer com o dólar. Primeiro ele estabelece medidas para conter a desvalorização, quando ele valoriza-se, ele estabelece novas medidas para desvalorizá-lo. Deixe o mercado definir livremente o valor da moeda. Uma equipe econômica não é mais esperta que todo um mercado e nunca conseguirá definir de forma artificial o valor da moeda americana.

A revista The Economist sugeriu e demissão do ministro. Quem vê o problema de fora costuma analisá-lo com maior lucidez.

Uma economia não cresce sustentavelmente com estimulo ao consumo. Eu compro geladeira, fogão e carro com impostos reduzidos este ano e o país cresce. Nossa, perfeito. Mas, eu não vou comprar estes produtos novamente no ano que vem. E aí, como o país vai crescer?

O governo ainda anunciou a injeção de R$ 100 bilhões na economia através do BNDES. Sempre favorecendo os grandes.

Em momentos de crise…

Uma família em crise deve cortar gastos e não gastar mais. Esta afirmação é meio óbvia.

Mas porque o raciocínio para um país em crise é diferente?

Acreditasse que a expansão dos gatos faz a economia girar e promove o crescimento econômico. Balela, pura falácia. Crescimento econômico se da com a criação de produtos e serviços de valor e estes são criados por empreendedores capitalistas que se arriscam na criação de valor imaginando assim lucrarem.

O bom investimento é o em educação e infraestrutura que são mecanismos para o empreendedorismo. Assim como a existência de menos burocracia para abertura de novos negócios.

Conclusão

A politica monetária só está diretamente alinhada à taxa de juros por haver moeda sem lastro em excesso.

Taxa de juro tem uma relação natural com a quantidade de poupança.

Para haver inflação controlada a expansão da base monetária deve estar lastreada em ativos de valor.

Um governo intervencionista não ajuda no crescimento econômico sustentável.

Sim, a revista The Economist está certa. O ministro Mantega deveria fazer sua malinha e ir pescar.

Boa semana!