Entenda o motivo de o PIB ser uma farsa

Entenda o motivo de o PIB ser uma farsa

O Produto Interno Bruto (PIB) é calculado pelo IBGE e afere o preço dos produtos finais produzidos pelo país em um específico período de tempo. Acredito ser a variável econômica mais conhecida: conhecida, mas não necessariamente entendida.

Infelizmente o PIB é uma farsa e seu valor é pouco significativo para aferir o crescimento econômico.

O artigo de hoje irá demonstrar o porquê do PIB ser um engodo de crescimento e, portanto uma variável econômica pouco significativa.

Como ele é calculado?

O PIB é calculado pelo preço de mercado, o que é um grande erro. Erro, pois uma forte inflação eleva o PIB. Se em 2012 a unidade de um produto custava 10,00 e em 2013 esta mesma unidade custa 15,00 temos uma inflação de 50% no preço do produto. 100 unidades foram vendidas em 2012 e contribuíram para o crescimento no PIB numa escala de 100x10. Se estas mesmas 100 unidades forem vendidas em 2013 a contribuição será de 100x15. O valor final foi maior, o que elevará o PIB, mas na verdade não houve crescimento econômico algum e sim uma inflação de preços.

Imagine agora que a organização conseguiu ser mais produtiva, reduziu seus custos e evitou desperdícios ao melhorar sua logística. Com isto o preço final de seu produto sofreu deflação e foi vendido a 9,00 a unidade. As mesmas 100 unidades foram vendidas e sua contribuição para o cálculo do PIB, portanto foi de 100x9. O PIB será menor quando na verdade a empresa ganhou em produtividade ao reduzir custos e isto refletiu em um preço final menor.

Em resumo, olhar simplesmente a variação porcentual do PIB é um erro administrativo-econômico.

A fórmula mágica

PIB = C + I + G + X – M

C = consumo; I = investimentos; G = gastos do governo; X = exportação e M = importação

Exportar aumenta o PIB e importar o reduz. Com essa lógica duvidosa se afirma que exportar é bom e importar é ruim. Mas se as famílias e empresas deixam de consumir e poupam para depois importar capital que agregue valor ao produto e aumente a produtividade não é bom? O resultado disto não é imediato e necessita de maturação, mas para o cálculo do PIB o país terá diminuído seu crescimento, o que é ruim, quando na verdade o contrário é o verdadeiro: é poupança gerando capital que proporciona mais produtividade e menor custo e, consequentemente um preço menor ao mercado.

Os gatos do governo elevam o PIB. Mesmo os gastos com servidores públicos. Preciso comentar?

A expansão monetária

A expansão monetária é o aumento da quantidade de dinheiro em circulação. O M1 (notas e moedas em circulação e em conta corrente) representa o crédito disponível para o consumo das empresas e pessoas físicas. Ao se aumentar esta base se eleva a quantidade de moeda em circulação, a oferta de crédito estimula à demanda que obviamente aumenta as vendas. Assim temos dois fenômenos: inflação e PIB mais elevado.

brazil-money-supply-m1 expansão monetária de jan/02 a jul/13

Perceba que não falamos em ganho de produtividade, apenas em aumento do consumo. Isto não pode ser definido como crescimento econômico, mas sim, apenas, como crescimento do consumo.

Por que o PIB não cresce?

Seria leviano uma afirmação única, mas alguns problemas são bem aceitos por administradores e economistas:

Redução da expansão monetária. Depois do belo crescimento do PIB em 2010 (7,5%) sustentado pela forte expansão monetária do governo Lula a torneira foi contida. Menos dinheiro disponível PIB menor. O PIB de 2012 foi de míseros 0,9%.

Política econômica esdrúxula. Todo empresário deseja regras claras para poder se proteger em um mercado de incerteza genuína. O problema não se encontra nas incertezas intrínsecas ao mercado, isto é parte do jogo. O problema está na ação intervencionista do governo. Não existem regras. Tarifas são retiradas e colocadas ao bel prazer da equipe econômica do governo. Se eles acreditam que o dólar precisa se depreciar se realiza um swap cambial ou mesmo a compra no mercado à vista. Se julgam estar depreciado elevam o imposto para importação. Sem regras todo empresário navega sem bússola e ninguém deseja estar em alto mar sem orientação segura para onde seguir.

Falta de cérebros-de-obra. Falta qualificação ao trabalhador brasileiro. É impossível uma organização ser mais produtiva se seus empregados não forem qualificados. A educação no Brasil é fraca, nosso ensino fundamental é débil e o médio ruim demais. O ensino superior tem qualidade em apenas algumas poucas universidades públicas e privadas, e ainda a oferta é bem inferior à demanda. Sem qualificação é impossível reduzir custos e aumentar a produtividade para ser mais competitivo.

Alto endividamento das famílias. Crescimento não é sustentado pelo consumo. Com o crédito farto as famílias compraram de tudo: casa, carro e TV. Agora elas têm parcelas para os próximos 30 anos. Mesmo que queiram consumir não há mais receita para isto.

O PIB real

O PIB real é aquele que desconta a inflação do período. De nada adianta o PIB ter crescido 7% se o volume de dinheiro que você precisa para realizar as mesmas compras aumentou 10%.

Ainda temos uma inflação reprimida. Se não fosse as manipulações do governo estaríamos bem próximos de uma inflação de 10%. Mas o governo alterou a cesta do IPCA, o aumento das passagens foi revogado e a Petrobras vem segurando o aumento do petróleo por ordem governamental.

Conclusão

O PIB brasileiro cresce sustentado pelo aumento de dinheiro na economia e não por um ganho de produtividade e/ou mais investimento estrangeiro no país. Sendo assim nosso crescimento não é sustentável, sendo apenas vôo de galinha.

Se a base monetária se mantém constante ou se expande apenas com a entrada de capital estrangeiro e a produtividade aumenta, mais produtos serão ofertados, e não havendo dinheiro sem lastro teríamos uma deflação de preços e compraríamos mais com menos dinheiro.

Apesar de o PIB ser aferido através de um cálculo estranho como demonstrado ainda é uma variável econômica importante, pois calcula a variação econômica na economia, mesmo que talvez este crescimento não seja bem um crescimento. O PIB per capita é uma variável que reflete melhor o aumento (ou não) da qualidade de vida das famílias. Em teoria quanto maior o PIB per capita maior o IDH (índice de desenvolvimento humano) do país.

A política fiscal e monetária precisa caminhar de mãos dadas. O governo gasta em excesso e tem um gasto não produtivo: custeio. O Banco Central ao elevar o juro fica como o vilão da história, mas o grande problema é a falta de ajuste fiscal, pois os gastos do governo só crescem.

Ainda existe uma maquiagem contábil para se elevar o superávit primário, o juro de empréstimos subsidiados concedidos pelo BNDES entra como receita elevando o superávit primário, mas o subsídio aumenta nossa dívida interna. Mas isto não é divulgado, o que se divulga é o aumento do superávit para se pagar a dívida. É uma piada. Costumo dizer que é maquiar a boneca.

O crescimento no segundo trimestre do PIB foi de 1,5% quando o mercado esperava algo próximo de 1%. A notícia foi positiva, mas é ilusão acreditar neste crescimento.

> > Mas deve-se ressaltar que a boa recuperação econômica observada no segundo trimestre deste ano não se repetirá nos próximos trimestres. Mais uma vez a retomada da economia vai esbarrar na infraestrutura deficitária brasileira, no trâmite complicado e demorado dos processos burocráticos, na elevada carga tributária, na ausência de mão de obra qualificada e na baixa confiança dos empresários, consumidores e investidores. Este último provocado pela condução da política econômica do governo federal. [Finanças Inteligentes](http://www.financasinteligentes.com/2013/08/analise-e-projecoes-de-mercado.html) em 30/08/13 > >