O Brasil adolescente está se tornando adulto.

O Brasil adolescente está se tornando adulto.

O Brasil me parece um jovem de aproximadamente 22 anos que viveu uma adolescência deslocada, com atitudes meio inconsequentes e sem muita preocupação com seu futuro. Aí ele percebeu que o tempo passou, que a adolescência acabou e uma decisão precisava ser tomada: ou se tornava adulto ou um eterno moleque, com idade avançada, mas com atitudes de moleque. A decisão tomada foi a de crescer, assumir os erros do passado, aprender com eles e passar a fazer a coisa certa. É claro que com a falta de experiência ainda comete erros, mas os comete procurando acertar e não mais pelo egoísmo da adolescência, onde a preocupação era única e exclusivamente com si mesmo.

Vejo o Brasil mais ou menos assim.

Muitos analistas têm reclamado das medidas do governo para controlar a inflação e manter o crescimento econômico. Sempre falam que poderia ter sido feita isto, aquilo ou aquilo outro. Na teoria tudo é lindo. Quando a responsabilidade da decisão não recai sobre as nossas cabeças é tudo mais simples e fácil. Na prática, tudo é diferente: há interesses políticos diversos que devem ser alinhavados, valores e prioridades diferentes que consequentemente levam a ações diferentes. Outros são ainda cruéis em suas análises, para eles tudo tem segundas intenções, veem uma teoria da conspiração em tudo o que acontece. Para mim estes são loucos.

O Brasil sem dúvida nenhuma está longe de ser um país de primeiro mundo, mas tenho gostado da postura da presidente Dilma. Coragem em demitir ministros corruptos, coragem ao mexer em ano eleitoral na fórmula de remuneração da poupança, coragem em reduzir juros dos bancos públicos (medida que sou contra, tenho uma visão mais monetarista e não vejo com bons olhos a intervenção política em empresas de capital aberto) e assim forçar os bancos privados a seguirem no mesmo sentido.

É complexo demais ser governo. Sempre que faço uma análise a faço bom base nos meus valores e em meus limitados dados. Quem toma a decisão a toma com base em seus valores e com uma gama muito mais ampla de informações. Não é justo um julgamento decisivo sem conhecimento das bases e valores que levaram àquela decisão.

Sim: devemos criticar; fazer ponderações e apontar nosso ponto de vista. É assim que crescemos. E assim que o Brasil evolui e cresce.

Caderneta de Poupança

Com a mudança na regra ela perdeu sua principal característica que era a simplicidade. Qualquer brasileiro era capaz de entender que a poupança rendia 0,5% ao mês.

Agora para explicar ao leigo a fórmula da poupança teremos que antes ponderar sobre a SELIC e como ela baliza os juros praticados na economia.

Tem o lado bom: obriga o incauto a buscar maiores informações.

A coisa complicou um pouco para os bancos e muito para os atendentes de banco. Para os bancos, pois terão que fazer mudanças no sistema de registro para calcular dinheiro velho e dinheiro novo depositado e para os atendentes, pois terão que explicar de maneira didática ao cliente como fica seu dinheiro com a nova regra. Sem dúvida que terão um trabalho imenso para isto.

O rolar da dívida

O governo tem sua dívida pública equacionada. Ele faz uso dos valores capitados nas compras dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto para remunerar os compradores dos títulos mais antigos. Ele rola sua dívida. Se o investir na poupança passa a ficar mais vantajoso que a compra de títulos públicos o governo se complica, pois deixando de captar tem que buscar outra fonte para pagar as contas.

Que gastar menos e melhor; desinchar a máquina pública e fazer as reformas tributária, trabalhista e fiscal assim como melhorar a educação é o melhor caminho todo mundo sabe. Fazer isto que é complicado. Na minha analogia do início do texto falei num Brasil jovem, com 22 anos. Isto é tarefa para alguém um pouco mais maduro e esta maturidade irá acontecer.

O crédito mais barato

O crédito para o consumidor final quase sempre é ruim, pois é sinônimo de dívidas. Exorbitante como era ou menor, como pelo menos é anunciado, ainda não deixa de ser dívida. Como escrevi outro dia no Twitter, entenda o crédito como um remédio, você o toma não porque está barato, mas apenas como último recurso.

O crédito mais barato deve ser usado por empresas: para ampliar negócios e o capital de giro.

O empreender fica mais atrativo por dois motivos: captação com menor custo e menor remuneração dos investimentos de baixo risco. O brasileiro precisa buscar conhecimento especializado para se aventurar a empreender, tudo ainda acontece de maneira muito amadora e sem planejamento, aí o dar certo é a exceção, o mais provável é o barco naufragar mesmo. Quer empreender? Comece buscando orientação profissional.

Educação

Todo crescimento sustentável só acontece com uma população educada. Não se iluda: crescimento nenhum se sustenta sem conhecimento sólido, e este só é adquirido com educação formal de qualidade.

Infelizmente a educação ainda não é levada a séria no Brasil, tivemos alguns avanços nos últimos anos, mas ainda é preciso mais. Em minha visão projetos tem erros estruturais e algumas políticas eleitoreiras travam o avanço real.

O Brasil adolescente está se tornando adulto, com erros e acertos está disposto a amadurecer e mesmo com algumas decisões a meu ver erradas e num ritmo mais lento do que eu gostaria está crescendo.

Boa semana!

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