O que o Brasil precisa para ser um país sério é de educação.

O que o Brasil precisa para ser um país sério é de educação.

O Brasil é um país sério? Eu respondo. Não, falta muito para sermos sérios.

A última semana foi uma semana engraçada no mercado financeiro. Vivemos dois dias com fortes baixas, com especuladores realizando lucros; depois vivemos outros dois dias de alta, isto porque o COPOM reduziu a taxa SELIC em 0,75 ponto porcentual.

A SELIC é o cobertor curto do governo federal. Inflação em alta; sobe a SELIC para frear o consumo. Crescimento econômica pífio (PIB); baixa a SELIC para estimular o consumo. Mas aí se estimula o consumo e a inflação volta a assustar. O que fazer? Subir novamente a SELIC? Sim, pelo menos tem sido esta a política monetária do governo.

Dólar em queda? Aumenta o IOF para conter o “tsunami monetário” e o Banco Central compra dólares, desesperadamente, para conter ainda mais a queda da moeda.

Ainda são as medidas macroprudenciais? Acho que sim.

Como se faz um país sério?

Eu explico.

Não existe milagre e leva-se tempo. Os interesses partidários não podem de maneira alguma estar à frente dos interesses do país.

A primeira medida é o investimento pesado em educação. Não, não é fingir que se investe em educação, é realmente ter a educação como prioridade. Não adianta políticas que alteram o topo, tem que começar na base. Ao final de 2011 os estudantes do ensino fundamental receberam um kit livro. Teoricamente era para eles apreciarem uma boa leitura durante as férias. Livro não didáticos, romances como o best seller A Menina que Roubava Livros. O que aconteceu? Muitos alunos simplesmente jogaram os livros fora, nas lixeiras ou mesmo no chão da própria rua onde se localiza a escola. Este fato eu vi. Dezenas de alunos brincando e até mesmo zombando, dizendo que eles não liam durante o período letivo quanto mais nas férias. O governo dá uma de Pôncio Pilatos e lava as mãos, diz que forneceu livros e, portanto incentiva a leitura. Só que não adianta dar livros para quem não sabe ler. É preciso uma política de incentivo à leitura. Um programa de mudança de cultura, um trabalho de anos e anos. Simplesmente jogar os livros nas mãos dos alunos e falar: leia; não melhora em nada a educação, muito pelo contrário; só nosso dinheiro que vai pelo ralo, ou pior, para o bueiro, que ainda fica entupido e inunda ruas e casas na próxima chuva.

Se começarmos a investir de forma consistente em educação hoje, em 50 anos não teremos mais problemas com o “tsunami monetário”, seremos educados financeiramente e boa parte dos cidadãos gastarão de forma consciente e poderemos ter uma taxa SELIC de 0,5% ponto e assim não atrairemos dinheiro especulativo. Também importaremos menos tecnologia, pois a produziremos. Quem sabe não teremos uma Brasitel fabricando computadores e sendo uma concorrente direta de Intel e AMD.

Enquanto temos um custo enorme para exportar, sei lá, um caminhão de uma fruta qualquer para os EUA, eles nos vendem um produto que cabe na palma da mão, mas tem valor agregado que vale um caminhão de laranja nosso. Só a educação permite tal façanha.

Ainda há o custo, pensando no caminhão da fruta qualquer, do pneu furado por estradas em péssimas condições, de parte da carga perdida ou roubada nas estradas e de pedágios caríssimos e impostos.

Chega, você já entendeu a importância da educação.

Agora vamos falar dos impostos.

Precisamos de uma reforma tributária. Aqui se paga imposto até para respirar. Na vida, ao nascermos, só temos duas certezas: que um dia morreremos e que pagaremos impostos. Não tenho competência para discorrer sobre como deveria ser esta reforma, mas tenho a certeza que já passou da hora de ela acontecer. É preciso uma simplificação, reduzindo significativamente o número de tributos: o custo de exportação precisa ser reduzido, a desoneração da pequena empresa é outra necessidade assim como tributos equitativos e o fim da guerra fiscal entre Estados.

Outra reforma que se faz necessária é a trabalhista. A carga que o trabalhador e a empresa paga para contratar de forma legal, obedecendo tudo que a CLT rege, é enorme e desestimulante. Precisamos de uma lei mais simples, objetiva e menos onerosa para trabalhadores e empresas. Pagando menos empresas podem contratar mais e o governo também arrecadará mais em impostos. Precisamos de uma legislação de incentivo ao emprego formal. Também precisamos desburocratizar a forma para abrir uma empresa. Montar um negócio deve ser algo simples, a parte burocrática deve estar concentrada num único lugar e levar poucos dias para ser finalizado. Abrir uma empresa com as leis atuais é um verdadeiro teste para monge budista, encerrar então, um martírio.

A máquina administrativa do governo precisa ser menor e mais produtiva. É preciso desburocratizar o serviço público. Tem muita gente ruim ganhando bem e fazendo pouco. Devemos criar métodos de seleção onde experiência efetiva conte ponto e não apenas o decorar um muntuado de conceitos para passar no concurso. É um absurdo haver juízes com menos de 25 anos de idade e nenhuma experiência. É claro que é mérito dele ter passado na prova, mas sem experiência, tanto de vida como de trabalho, sinceramente desconfio da lucidez de suas decisões. A estabilidade é outra questão que eu contesto, tem muito servidor ruim protegido pela estabilidade que tem direito. Qualificação deveria ser uma obrigatoriedade. Salários serem alinhados aos praticados na iniciativa privada. Aqui no Brasil os cérebros mais privilegiados que deveriam estar na iniciativa privada criando e inovando são servidores públicos, isto porque ser servidor é mais atrativo que ser empregado na iniciativa privada.

O serviço público também é muito burocrático: são instâncias e mais instancias; recurso e mais recursos; exige-se carimbos e mais carimbos. Tudo é muito moroso e oneroso e quem paga a conta disto tudo somos nós.

A infraestrutura do país é outro problema que encarece os custos de qualquer empresa que aqui opera. É impossível um planejamento logístico eficaz com estradas esburacadas, atrasos nos voos e greves dos correios. Como administrador sempre digo que o Sistema Toyota de Produção não funciona no Brasil por causa de nossa infraestrutura precária.

Conclusão

O “tsunami monetário” não existe. O que existe são países aproveitando da nossa taxa básica de juros que remunera muito bem e assim injetando dinheiro em nossa economia. Isto é capitalismo.

O que o Brasil precisa é de seriedade. De políticas visando à melhoria do país de forma sustentável e não de políticas eleitoreiras visando às próximas eleições. Para isto, na minha visão, o primeiro passo é ter a educação como prioridade, melhorar nossa infraestrutura, nossa carga de impostos, simplificar tributos e acabar com guerras fiscais entre Estados, aproveitar nossos gênios fora do serviço público e desburocratizar este serviço público, fazendo-o ser mais eficiente e menos oneroso.

Assim seremos competitivos, importaremos menos, desenvolveremos tecnologia de ponta e teremos uma taxa de juros baixa que não atrai dinheiro especulativo. Se existe um “tsunami monetário” ele foi criado aqui mesmo e só o próprio Brasil pode acabar com ele.

Boa semana.

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