A situação do professor estadual do ensino fundamental e médio

A situação do professor estadual do ensino fundamental e médio

Começo dizendo que todo trabalhador é remunerado de acordo com o que produz. Ou melhor, de acordo com o lucro que ele gera a organização em que presta seus serviços.

O problema do professor é que seus resultados levam anos para serem vistos. O lucro de seu trabalho poderá ser observado muitos anos depois do serviço prestado por ele e, mesmo assim, esse lucro não é garantido.

A greve

Não vejo na greve o melhor caminho. O professor estando em greve ele não gera prejuízos ao governo, muito pelo contrário, gera lucro. Há economia de energia elétrica, água, comida, telefone, etc. Com os estudantes em casa o governo não gasta com essa infra-estrutura necessária para as aulas acontecerem.

O professor é mal remunerado?

De acordo com reportagem do jornal Estadão de outubro/2009 o salário médio de um professor da rede pública de ensino é 1.527 sendo a média do trabalhador brasileiro de 900,00. Já a média do trabalhador com nível superior é de 2.500.

O que penso estar errado

Os professores usam como estratégia a greve, essa estratégia não funciona. Com o passar dos dias os próprios pais dos alunos começam a reclamar dos professores. Quem deveria, teoricamente, ser aliado vira inimigo.

Penso que professores devem criar uma estratégia de o estado depender deles e não eles dependerem do estado.

Pegamos como exemplo os professores universitários, ganham bem e quando entram em greve logo são atendidos. Sabe por quê? Por que a sociedade cobra uma rápida definição. Eles geram lucro. Fazem pesquisas que geram conhecimento para indústrias e produzem mão de obra qualificada para o mercado empregador, ou seja, são importantes para todos.

E o professor do estado?

O professor do estado não gera lucro, não em curto prazo pelo menos. Possuem uma qualificação menor e não são atrativos para o mercado de trabalho.

Os professores deveriam buscar formar parcerias. Gerar conhecimento através de pesquisas e de experimentos científicos. Fazerem a sociedade sentir sua falta. Entendo que se professores tivessem uma empregabilidade maior, que não fossem dependentes do governo, poderiam fazer maiores exigências. Eles devem procurar alternativas para serem senhores de suas carreiras não sendo conduzidos, mas conduzindo.

O exemplo do SENAI

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é uma instituição privada com estudo gratuito sustentada pelas indústrias que tem interesse na mão de obra qualificada produzida pela escola. Um professor do SENAI tem uma remuneração bem maior que um professor do estado. Agora um professor do SENAI tem “bala na agulha” para negociar afinal ele produz lucro: estudantes qualificados para o mercado de trabalho.

O que os professores estaduais devem descobrir é uma forma de gerarem lucro, pois só ganha bem quem gera lucro. Como escrevi no começo, o trabalhador é remunerado de acordo com o que produz.

A responsabilidade do governo

Muitos alegam que o governo deveria investir na educação, pois um país só evolui com uma boa educação do seu povo. Eu acredito nisso também. Mas até quando vamos esperar isso dos nossos governantes?

Professores estaduais devem criar formas de serem produtivos. Não esperem o governo valorizarem o professor, crie formas de isso ser percebido.

A qualificação do professor do estado

Muitos são mal qualificados. Pararam na graduação, não se atualizaram. Não estudam, não lêem, não estão inteirados nas novas tecnologias. Foram engolidos pela modernidade.

A verdade é que se não fossem professores do estado não conseguiram salário igual no mercado privado. Não têm qualificação para isso.

Vivem pelo amor a profissão

A grande maioria dos professores são vocacionados. Só que somente vocação não basta.

Eu adoro futebol, mas os clubes não querem me contratar com altos salários só porque eu amo futebol.

Entende onde quero chegar? Organizações são racionais e não emocionais. Amor não trás dinheiro e no mundo capitalista que vivemos tudo é medido em dinheiro.

Existe solução?

Penso eu que em curto prazo não.

Uma solução possível seria o governo reconhecer a importância do professor, valorizar a profissão e remunerar melhor seus servidores. Isso está longe de acontecer.

Outra solução é os professores se qualificarem melhor, trabalharem com amor sim, mas também sendo racionais. Serem unidos criando formas de serem importantes para a sociedade e até mais que isso, se fazerem percebidos como importantes, pois, às vezes, muito mais vale o que você mostra que é do que o que você realmente é.