Vamos falar mais de dinheiro?

Vamos falar mais de dinheiro?

O equilíbrio financeiro e posterior independência financeira são alcançados com uma regra simples: gastar menos do que se ganha e investir o restante.

Veja que escrevi simples, porém o que é simples não significa que é fácil. A regra realmente é básica, não é preciso muita qualificação formal para entendê-la e praticá-la. Alguém que conheça as quatro operações matemáticas e tenha uma calculadora já está qualificado para ser um investidor.

Entendo que a vida é feita de pequenos hábitos. Para deixar de ser sedentário é preciso criar o bom hábito de realizar uma atividade física diariamente. Ainda pensando em saúde, é preciso outro hábito: o de comer diariamente frutas e verduras.

Ninguém corre uma maratona – 42km – sem antes ter corrido outras provas com distâncias menores. É uma preparação tanto física como psicológica.

O tema corpo saudável através da boa alimentação e exercícios físicos regulares tem sido discutido na mídia, escolas, rodas de amigos e consultórios médicos há mais tempo. As pessoas, mesmo que não o façam, já estão conscientizadas que tudo deve começar aos poucos e ir evoluindo gradativamente. Só que o assunto equilíbrio financeiro é muito recente no Brasil. Quem fala de dinheiro é mal visto, é quase um “pecado” mortal. Já até mesmo ouvi familiares dizendo: gente, estamos almoçando, não é hora de falar de dinheiro. É permitido falar de tudo à mesa, menos de dinheiro. Quando então podemos conversar sobre dinheiro?

Você sabe a renda familiar de sua casa? Quanto seu cônjuge ganha? O assunto é tabu, ninguém fala de salário, você raramente ouvirá a pergunta: Quanto você ganha?

É preciso começar a falar de dinheiro. Já passou da hora de conversarmos abertamente em nossos lares e com amigos sobre administração financeira e hábitos de consumo. Quando duas ideias são confrontadas novas e melhores ideias surgem, por isto da importância do diálogo franco e direto. Se sua renda é gerada de maneira honesta, não há razão para não querer conversar sobre ela. Não importa se é muito ou pouco, o que defendo é a conversa sobre o que tem sido feito para aumentar a renda e principalmente como ela tem sido administrada. Por que alguns conseguem ganhar pouco e terminar o mês no azul e outros, que muitas vezes ganham até melhor, terminam sempre no vermelho fazendo uso do limite do especial ou entrando no rotativo do cartão de crédito?

Muitos alegam que só aqueles que ganham “bem” conseguem fazer sobrar no final do mês. Só que esta visão é muito simplória e pouco verdadeira. O gasto excessivo é cultural, independente do valor que se recebe gastasse além da conta. Nossas famílias e escolas não ensinam a como administrar o dinheiro recebido, elas apenas focam a busca implacável por dinheiro e mais dinheiro. É um ciclo vicioso, quanto mais se ganha mais se gasta e mais precisa se ganhar para manter o padrão estabelecido. Frugalidade, nem ao menos o significado da palavra é conhecido da maioria das pessoas.

O que percebo é que existem dois mundos bem distintos: os dos altamente equilibrados e investidores e o abissal, aqueles que vivem endividados. Precisamos ao menos do meio termo. As pessoas não precisam poupar para terem uma aposentadoria tranquila e sem restrições, esta decisão é pessoal. Agora, gastar de forma responsável é preciso. O mundo tem mostrado que gastar em excesso é prejudicial. O Brasil paga as consequências até hoje de termos gastado além da conta e ter imprimido dinheiro. Com você cidadão é a mesmíssima coisa. Entrar em dívida é prejudicial a você e para todo mundo. Um calote de um consumidor é igual a uma bola de neve, começa pequena, mas ganha uma proporção que fica impossível de conter.

Pagamos juros tão caros pelo alto risco de calote. Só que ninguém bem intencionado é caloteiro por que quer, mas ele é fruto de uma falta de educação financeira generalizada. Não há riqueza sem educação, educação no mais amplo sentido e em todas as instâncias.

O melhor aprendizado é aquele que começa na tenra idade. Este fica marcado em nosso subconsciente. Pegue por exemplo as religiões. É muito raro alguém mudar, isto porque a aprendeu desde pequeno. Quando falamos de finanças o ideal é começar logo cedo, aos 3, 4 ou 5 anos de idade. Se a criança for incorporando desde os primeiros anos bons hábitos financeiros, com toda a certeza ela será um adulto equilibrado financeiramente. Para você e para mim é mais difícil, ao longo da vida já adquirimos maus hábitos, já faz parte do nosso “Ser”. Mas mudar é possível, sempre é possível.

Termino convidando você a refletir sobre seus hábitos de consumo. Se você achar que eu tenho alguma razão, comece a mudar suas ações. Comece há pensar um pouco mais antes de comprar, pense se realmente tal compra se faz necessária ou ela apenas lhe trará mais dívidas. Não vou falar para você ser um investidor, lhe desafio apenas a manter suas contas em dia, a viver uma vida sem créditos rotativos, sem necessidade de empréstimos. Viva de acordo com suas poses e não de acordo com seus desejos.

Boa semana!