Cabe à corretora orientar seus clientes quando aos riscos do mercado de ações?

Cabe à corretora orientar seus clientes quando aos riscos do mercado de ações?

Li essa semana no site do UOL uma matéria que falava sobre um teste realizado com três corretoras de valores, sobre como eles orientam seus clientes novatos e incautos no mercado de ações.

De uma maneira geral as corretoras de valores apresentam uma boa relação custo versus benefício. Prestam uma gama de serviços com preços, a meu ver, compatíveis com a qualidade. Oferecem palestras, análises e ferramentas uteis, tanto aos investidores neófitos quando aos mais experimentados. O custo é zero quando não se tem posição em ações e algumas corretoras até absorvem a taxa de custódia cobrada pela CBLC para clientes posicionados. Em resumo, só pagamos quando fazemos uso do serviço.

A matéria do UOL julgou a corretora como positiva quando orientou corretamente seus clientes sobre os riscos do mercado de ações. Minhas indagações vão neste sentido. É dever de uma corretora orientar seus clientes dos riscos envolvidos em toda negociação que envolve compra e venda de ações?

Quando vou ao supermercado comprar um quilo de picanha gordurosa para o churrasco do final de semana, o atendente não me avisa que os riscos de infarto aumentam quando se come muita gordura. Quando peço um Big Mac com batata frita grande, também não recebo orientação dos riscos para minha saúde.

Sempre cabe ao cliente procurar entender os riscos quando entra num negócio. A função de um estabelecimento é vender. Quando se busca informações para a compra de um automóvel, o vendedor fala apenas das vantagens do veículo, ele não enfatiza que tem o seguro a ser pago, que o IPVA é tanto e a manutenção do carro ‘A’ é o dobro da do carro ‘B’. Cabe ao cliente pensar nestes aspectos todos antes de decidir pela compra.

Minha pergunta: Cabe à corretora orientar seus clientes quando aos riscos do mercado de ações ou cabe a ela simplesmente vender seus produtos? Afinal, se ela falar muito do lado ruim (o risco) pode perder o cliente. O melhor para ela é apenas focar os possíveis ganhos.

Percebo que quando se fala no mercado de ações as pessoas estão querendo tudo de mão beijada. Não querem aprender, não querem entender as regras do jogo antes de começar a “brincar”. A responsabilidade está sendo transferida para a corretora, quando na verdade o interesse dela é lucrar e não orientar. Tudo bem, ela orientando seus clientes, ganhará clientes fieis. Também fornecendo educação financeira, poderá vir a ter mais clientes. Isto eu sei e concordo que como estratégia de marketing é perfeita, mas cabe a ela a decisão. Não vejo obrigação nenhuma de corretoras terem que alertar do perigo que existe em comprar e vender ações.

Achei a matéria do UOL interessante, mas não acho justo classificar uma corretora como ruim por ela não orientar seus clientes sobres os riscos de investir em renda variável, que na minha visão, cabe ao interessado, ou seja, ao cliente, buscar conhecer os riscos de qualquer negócio antes de entrar nele, seja ele qual for.

A matéria do UOL você lê clicando aqui.