Quem foi Paulo Freire?

Quem foi Paulo Freire?

Paulo Reglus Neves Freire, brasileiro de Recife, nasceu em 19 de setembro de 1921 e faleceu aos 75 anos no dia 02 de maio de 1997. Formado em Direito pela Universidade de Recife foi um dos grandes pensadores mundiais sobre a Educação. Propôs uma pedagogia libertadora, uma pedagogia voltada para a conscientização da opressão e uma ação transformadora em sua obra “Pedagogia do Oprimido”.

Principais ideias

Um dos entendimentos fundamentais, segundo Paulo Freire, é o estudante entender desde o início de seu aprendizado que ensinar não é transferir conhecimento e sim criar as possibilidades para a produção do conhecimento. Ele deve assumir o papel de sujeito produtor do saber. É necessário ter muito claro que “quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (PAZ E TERRA, 2008).

Quem ensina não transmite conhecimento. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

Estudantes fazem parte do processo de educar, são construtores e reconstrutores do saber. O professor é um sujeito no processo que direciona e conduz a construção do conhecimento. Ele deve ser criativo, humilde, persistente e até mesmo curioso. Faz-se necessário um professor problematizador da realidade.

É importante lembrar que o conhecimento é contextualizado historicamente, temos a capacidade de intervir, conhecer e modificar o mundo em que vivemos. Um conhecimento hoje produzido supera o de ontem, e o de amanhã o de hoje. O professor também deve respeitar os saberes sociais dos estudantes e contextualizar estes saberes na construção do conhecimento.

Para Paulo Freire faz parte das funções da escola a formação de cidadãos éticos e morais.

O educador deve ser livre de preconceitos, deve estar receptivo ao novo. Qualquer tipo de discriminação deve ser extirpado, o professor deve desafiar a quem comunica a produzir uma compreensão particular do que foi comunicado.

Paulo Freire defende uma postura de diálogo entre professor e aluno. Uma postura curiosa, questionadora e não passiva. Algo que ele chama de dialógica.

Freire enfatiza que ensinar exige segurança profissional e generosidade. Outra exigência é comprometimento, o falar e o agir devem estar alinhados. Ética é palavra chave.

Ele defende uma escola participativa através da interdisciplinaridade.

Lembro que Freire foi contra a sociedade neoliberal, ao capitalismo. Classificava-a como a miséria na fartura. Defendia uma sociedade democrática em todos os sentidos: econômico, racial, sexual e educacional. Para ele a conscientização deve fazer parte do processo educativo. A educação como fonte transformadora do cidadão e consequentemente da sociedade.

Conclusão

Paulo Freire defendia uma sociedade não capitalista, não focada no ter, algo utópico ainda nos dias de hoje. Sempre foi defensor dos menos favorecidos, defendendo a oportunidade da educação a todo cidadão. Acreditava numa educação construtora do conhecimento, conhecimento este gerado através do debate e do diálogo com respeito.

Acredito que nos dias de hoje Freire estaria escrevendo sobre bullying e relações homo afetivas, talvez não defendendo, mas com certeza não acusando e promovendo a aceitação, o respeito pelo diferente e a liberdade de expressão.

A visão de Paulo Freire, em minha opinião, ainda não é possível hoje. Os motivos são diversos: Não é interesse dos governos a formação de um cidadão crítico e pensante; nossa sociedade neoliberal vai de encontro à visão igualitária; nós, professores, não estamos capacitados para lecionar de forma construtiva e dialógica; os estudantes não chegam a escola com a vontade do “saber”, não querem fazer parte do processo de educar, muito pelo contrário, querem apenas concluir etapas, aprender não é importante e muito menos construir com o outro; nossas escolas não são interdisciplinares e o professor é mal remunerado, assim não tendo tempo e nem vontade para prepararar aulas de forma a conduzir os alunos a “aprender a aprender”.

Ainda lembro que a progressão continuada existente hoje nos ensinos fundamental e médio, onde o aluno não é reprovado e segue de forma automática para o próximo ano desde que tenha presença, é ideia concebida por Paulo Freire. É claro que ele a idealizou de forma diferente da que tem acontecido. Não vejo sentido sua implementação sem as demais ideologias defendidas por Freire. Ouso afirmar que se ele estivesse vivo seria um dos primeiros a ir contra a progressão continuada da forma que ela acontece em nossas escolas hoje.

Referências

PAVAN, Ruth – UCDB. A CONTRIBUIÇÃO DE PAULO FREIRE PARA A EDUCAÇÃO POPULAR, 2006.

PAZ E TERRA, PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes necessários à prática docente, 2008.

SOLUÇÃO APOSTILAS, PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II, 2009.